Ser professor sempre foi um dos meus sonhos. A antiga frase de sempre “descubra o que você ama e não terá que trabalhar nunca” é bem verdade. Ser professor universitário no curso e disciplina da qual você se especializou é ter em cada dia o prazer em falar daquilo que você vive e acredita. Não se trata apenas de amar o que você ensina, se trata em “ver” o conhecimento transformando pessoas e pessoas sendo transformadas por ele.
Quase todos os semestres ouço a frase “Professor, tenho notado um melhor resultado do meu paciente” – são alunos experimentando a Terapia Cognitivo Comportamental em seus estágios clínicos e comprovando in loco os resultados que a literatura também apresenta.
Também é frequente a frase “tenho aplicado na minha vida as técnicas que aprendo em sala de aula e tenho experimentado melhores estados emocionais” – são estudantes de psicologia colocando (também em suas vidas) o que aprendemos em sala de aula.
A frase que nunca falta é “não consigo entender essa matéria, prefiro esta ou aquela abordagem” – são alunos que tiveram contato e maior afinidade com outras disciplinas, professores e conhecimentos. A pluralidade da psicologia é linda e imprescindível para o desenvolvimento desta enquanto ciência e profissão.
Eu também já tive contato com abordagens mais charmosas e talvez até por isso demorei tanto para fazer minha especialização. Acontece que quanto me tornei psicólogo clínico e, ao me comprometer com a psicologia baseada em evidências, tive que abrir mão (diversas vezes) de convicções pessoais e até (algumas poucas vezes) da minha fé.
Acontece que é exatamente isso que a ciência inevitavelmente nos traz: a inutilidade do credo, a convicção naquilo que pode ser replicado e comprovado através da experimentação e metodologia apurada. Neste raciocínio, ser cientista é abrir mão de convicções diante de fatos, pois contra eles não existem argumentos.
Não sou e jamais serei um defensor desta ou daquela abordagem, serei sempre um defensor da evolução e transformação das tecnologias que sejam úteis e benéficas. Quando sua ciência não pode ser abdicada diante dos novos resultados e procedimentos, sua ciência se tornou sua religião.