Participação do Psicólogo Sérgio Silva no Progrma 4 Estações (Universo 4 – TV Marília).
“Não aprendi dizer adeus, mas deixo você ir”, cantava o poeta sertanejo na década de 90; mas não é de hoje que o homem não sabe se despedir: Alguns antropólogos chegam a dizer que as civilizações foram florescendo quando o homem aprendeu a plantar (deixou de ser nômade) e quando o mesmo não mais queria se despedir de seus mortos, daí os cemitérios arqueológicos muito comuns.
As principais cerimônias nas culturas são rituais de passagem (e porque não dizer), rituais de despedida. Além dos velórios, temos as formaturas (que são as despedidas da vida escolar), os casamentos (que são as despedidas da vida de solteiro) e por aí vai. A verdade é que diante de todo “olá” há um futuro “tchau” embutido, a cada vez que abrimos os braços para vida, abraçamos também a despedida na morte que ela traz, ainda que despercebidamente ou travestida de outros sentimentos.
Aliás, “saudade”, palavra que encontramos apenas no português, escancara esta inabilidade que temos de despedimos de nós mesmos. Mas [convenhamos] nem precisaríamos da gramática para saber disso.
Enquanto não aprendemos a nos despedir das pessoas que amamos, dos momentos que vivemos, da noite que passou ou das coisas que nos apegamos, vamos vivendo até que um dia a despedida será a nossa.
A verdade ínfima é que não importa o quê [como/onde/com quem] passamos ou passaremos o ano novo, importa mesmo é o quê [como/onde/com quem] passaremos o ano DE novo.